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Governo “põe a bola no chão” para melhorar entregas e popularidade de Lula

A reunião ministerial ocorrida no Palácio do Planalto, na sexta-feira (18/3), teve como objetivo central "colocar a bola no chão", segundo a analogia futebolística utilizada, visando retomar o ritmo após contratempos. O presidente Lula cobrou de seus ministros um segundo ano de governo marcado por "entregas" concretas à população, buscando reverter sua queda de popularidade. Projetos de impacto social, como a construção de 1.200 creches, emergem como prioridades nesse contexto, enquanto a pressão por resultados expressivos delineia um desafio palpável para a gestão pública em 2024, com questionamentos sobre o comportamento estratégico do presidente frente às conquistas do governo.

A reunião ministerial realizada no Palácio do Planalto, nesta sexta-feira (18/3), concentrou-se no que no jargão do futebol se chama ‘colocar a bola no chão ‘ para retomar a partida, após um gol sofrido ou confusão desnecessária. O presidente Lula cobrou de seus ministros um segundo ano de governo focado em “entregas” – a expressão mais usada por ministros após o encontro. 
O pano de fundo da cobrança é a queda de popularidade do presidente, o que na avaliação de ministros será revertido desenvolvendo projetos de maior impacto na sociedade – como a construção de 1.200 creches. “Como o ano de 2023 foi o ano do plantio, o ano de 2024 tem de ser de colheita”, disse o ministro da Casa Civil, Rui Costa.

As ‘entregas’ passam por iniciativas da Fazenda para dinamizar o ambiente econômico a partir de projetos a serem discutidos no Congresso, além da regulamentação da reforma tributária. A reforma da renda deve entrar num segundo momento – ainda indefinido. O ministro Fernando Haddad listou entre as prioridades para melhoria do ambiente de negócios a criação do Desenrola para pequenas empresas, crédito para inscritos no CadÚnico, nova Lei de Falências. Outras sete iniciativas para discussão no Congresso, como projetos para energia, desenvolvimento verde e compras públicas de conteúdo nacional.

Ao final, o ministro Paulo Pimenta (Secom) falou com jornalistas em tom amistoso, buscando desfazer a imagem de cobrança feita por Lula para que o governo comunique melhor seus feitos. De acordo com Pimenta, uma licitação deve ser concluída até julho para contratar serviços de comunicação segmentados para atingir nichos da população, visando elevar os níveis de aprovação do governo e popularidade do presidente.

O clima final da reunião ministerial foi amistoso, segundo relatos de alguns ministros,  mas foi visível que a pressão do presidente por resultados expressivos com impacto na vida cotidiana do brasileiro dará o tom na condução da máquina pública em 2024. Lula prendeu a bola, definiu a estratégia para o segundo tempo da partida e pediu empenho de seus ministros. Mas a questão ainda não respondida é se ele, Lula, vai se comportar como o técnico que estimula os jogadores na beira do gramado e depois, nas coletivas, comete erros com potencial de ofuscar vitórias expressivas do time.

A fala inicial do presidente deu indicativos que quer falar mais sobre saúde, educação e economia. Mas o próprio presidente comentou o deslize de atacar Bolsonaro. Ao chamar o ex-presidente de “covarde”, Lula atiçou a militância, mas pode ter perdido pontos com quem avalia o governo como regular – ou seja, o eleitor menos polarizado e cansado da rinha de galo entre esquerda e direita. Pior: a fala de Lula ofusca das manchetes da mídia o recado pensado como símbolo da reunião ministerial: mostrar que o governo trabalha.

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Nivaldo Souza

Jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero, com 18 anos de experiência em agência de notícias, jornais, revistas, portais de internet, rádio e televisão. Cursou MBA em Economia na Fipe-USP. Repórter de economia, negócios e política em São Paulo e Brasília. Trabalhou para Brasil Econômico, Estadão, EL País Brasil, iG, JOTA, UOL, Valor Econômico, TV Bandeirantes, entre outros.
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Nivaldo Souza

Jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero, com 18 anos de experiência em agência de notícias, jornais, revistas, portais de internet, rádio e televisão. Cursou MBA em Economia na Fipe-USP. Repórter de economia, negócios e política em São Paulo e Brasília. Trabalhou para Brasil Econômico, Estadão, EL País Brasil, iG, JOTA, UOL, Valor Econômico, TV Bandeirantes, entre outros.

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